De Belo Horizonte a Manaus: atleta do TRT3-MG enfrenta 450 km de estrada na Amazônia para a ONJF
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Percorrer 450 quilômetros de estrada de chão no coração da Amazônia. Observar as paisagens da mata, o fumaceiro das queimadas, o escuro que assusta durante a noite e, ao fundo, os sons de animais que marcam o ritmo da selva. Essa foi a escolha corajosa de Alexandre, servidor aposentado do TRT3-MG, e sua esposa Ângela. O destino? Manaus, de carro, saindo de Belo Horizonte para a última edição da Olimpíada Nacional do Judiciário Federal (ONJF).
A viagem durou seis dias completos, mais de 4.000 quilômetros atravessando diversas cidades brasileiras, 30 pontes de madeira e até duas balsas – uma delas, navegando por uma hora e meia pelos imponentes rios Amazonas e Negro, em uma balsa cheia de caminhões e automóveis na escuridão da noite. Uma verdadeira aventura, onde cada quilômetro percorrido se tornava uma imersão profunda no Brasil desconhecido, longe da rotina, mas recheada de desafios e descobertas.
A ideia
Após se aposentarem em 2020, Alexandre, 66, e Ângela, 65, servidora do Estado de Minas Gerais, tomaram uma decisão ousada: a partir daquele momento, eles fariam todas as viagens para as Olimpíadas de carro.
A aventura já havia começado em edições anteriores, com destinos como Gramado (3.200 km, ida e volta), Blumenau (2.450 km, ida e volta) e João Pessoa (4.600 km, ida e volta). Apesar das facilidades de viajar de avião, o casal descobriu que nada se compara ao prazer de viajar por terra. “As paisagens, as culturas, as realidades sociais e as gastronomias de um país tão vasto e multifacetado como o nosso são fascinantes. Antes, devido às limitações do trabalho e do tempo, fazíamos viagens mais curtas. Mas, depois da aposentadoria, com os filhos criados e independentes, pudemos finalmente nos dedicar a essa paixão”, contou Alexandre.
Manaus: um destino desafiador
O casal não imaginava que Manaus seria um dos destinos da Olimpíada, e ao saberem da novidade, logo foram questionados se manteriam a decisão de enfrentar os desafios da jornada, que seria a maior encarada até então, com cerca de 8.000 km (ida e volta). Chegaram a ser alvo de apostas entre os colegas sobre se conseguiriam ou não. Mas, para Alexandre, apesar de o trajeto exigir muita reflexão, desistir não era uma opção.
Com o apoio dos filhos, escolheram um carro potente para encarar a jornada. O último trecho, entre as cidades de Humaitá e Manaus, tem cerca de 700 quilômetros, dos quais 450 são de estrada de terra. São dezenas de pontes de madeira, uma região propensa a chuvas, atoleiros e, claro, as queimadas que marcam o cenário. Para enfrentar todos esses desafios, a escolha do veículo era fundamental.
A primeira parada foi em Rio Verde, Goiás, e seguiu até Cuiabá, no Mato Grosso. De lá, o casal avançou rumo a Vilhena e Porto Velho, em Rondônia, antes de chegar a Humaitá, a última parada antes de Manaus. O trecho mais desafiador, no entanto, foi a travessia entre Humaitá e Manaus. A BR-319, a única estrada de terra que conecta Manaus ao resto do país, atravessa uma das regiões mais remotas da Amazônia, impondo desafios que exigem não só resistência, mas também uma boa dose de coragem. Clique aqui e confira o roteiro completo nas nossas redes sociais.
Com cerca de 880 km de extensão, a BR-319 apresenta trechos em péssimas condições, especialmente durante a estação chuvosa. As dificuldades aumentam com o calor escaldante, os atoleiros, as queimadas constantes e a falta de infraestrutura em várias partes da estrada, tornando a viagem ainda mais árdua.
Segundo Alexandre, havia uma insuportável vibração na terra que os impedia a andar em velocidades maiores. “Precisamos levar alimentos, água e combustível em um galão, considerando que não haveria posto ou suporte nenhum por cerca de 500 km da estrada. Pegamos uma balsa na localidade de Igapó-Açu para a travessia de um rio, cerca de 15 minutos. Após mais uma centena de quilômetros chegamos à cidade de Careiro da Várzea onde pegamos a última balsa para Manaus. Assim, em virtude dos atrasos pegamos a balsa, lotada de caminhões e automóveis”, relembrou.
Para ele e a esposa Ângela, a travessia na última balsa foi mais um dos desafios. “Navegar por cerca de 1h40 em uma balsa lotada de caminhões e automóveis na escuridão da noite por rios tão caudalosos como o Rio Solimões e Rio Negro não é uma experiência muito tranquila”, disse.
Apesar das dificuldades, o casal não se arrepende e pretende continuar com o projeto. Ao total, foram 8.406 quilômetros percorridos entre a ida e volta de Belo Horizonte a Manaus, com uma parada estratégica na volta em Caldas Novas, Goiás, para relaxar.
“Cada quilômetro percorrido é uma nova experiência, uma nova cultura, uma nova história. Já estamos ansiosos para o próximo destino”, disse Alexandre. Agora, o objetivo é Foz do Iguaçu, mais uma etapa dessa jornada pelo Brasil que promete novas descobertas e desafios. Para Alexandre e Ângela, a viagem de carro não é apenas um deslocamento, mas uma verdadeira imersão na essência do Brasil.
A Olimpíada
Alexandre, ou ‘Palhinha’, como é conhecido entre os colegas de Tribunal, ingressou na Justiça do Trabalho em 1996 e se aposentou em 2020. Sua paixão por futebol sempre foi um grande motor em sua vida, e foi ela que o levou a participar de diversas edições da Olimpíada Nacional do Judiciário Federal (ONJF). Entre os destinos de sua trajetória, destacam-se Belo Horizonte, Gramado, Blumenau, João Pessoa e Manaus — todas cidades que ele percorreu de carro, sempre representando seu time no futebol master.
Para ele, a ONJF é muito mais do que uma competição esportiva; é uma oportunidade de se reconectar com amigos de diferentes regiões do país, e de ver o quão bem a organização do evento vem crescendo a cada edição.
Manaus, na última edição, foi uma grata surpresa para o casal. “A cidade é rica culturalmente e tem atrativos turísticos fenomenais”, diz Alexandre. A experiência, além de desafiadora na estrada, também foi enriquecedora para ambos, com a chance de vivenciar um dos cantos mais remotos do Brasil.
Neste ano, a 22ª edição da Olimpíada Nacional do Judiciário Federal acontecerá em Foz do Iguaçu, no Paraná, de 20 a 26 de setembro. Localizada na divisa com a Argentina e o Paraguai, a cidade promete ser mais uma oportunidade para os participantes não só competirem, mas também explorarem uma nova parte do Brasil. E você, também quer embarcar nessa jornada? Faça parte de uma das delegações e viva essa experiência única. Clique aqui e saiba mais!